#ZeroEmPandemia: Portugal mantém situação de alerta em relação à pandemia da Covid-19

Com a piora no cenário da Europa, o país ibérico adiou até o dia 18 de abril a flexibilização de regras

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4 min readMar 28, 2022

Em setembro de 2021, a Europa passou a acompanhar uma nova onda de crescimento no número de infecções e mortes por Covid-19. Em Portugal, o pico do contágio aconteceu em 28 de janeiro, enquanto o de mortes ocorreu no dia 1º de fevereiro, quando foram registradas 63 mortes, de acordo com levantamento da Agência Reuters com base nos dados do Ministério da Saúde português.

Passado esse pico, atualmente os indicadores de casos e internações estão em queda, enquanto o de mortes apresenta crescimento. No último boletim semanal, divulgado pela Direção-Geral de Saúde (DGS), foram registradas 137 mortes entre os dias 15 e 21 de março. Ainda, teme-se, a chegada da sexta onda, que pode ter sua origem no relaxamento das medidas, nas festividades do último Carnaval e na linhagem BA.2 da variante Ômicron, conforme aponta João Paulo Gomes, coordenador de pesquisas sobre a diversidade genética do vírus pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em entrevista para a CNN Portugal.

Para conter a possível onda, o Ministério da Saúde português, que flexibilizaria as medidas no dia 22 de março, decidiu estender a situação de alerta até o dia 18 abril. Com isso, algumas regras estão mantidas, como: uso de máscaras no interior de ambientes, em serviços de saúde e transporte e, também, a exigência de testagem ou comprovante de vacinação completa para visitas a asilos e pacientes internados em estabelecimentos de saúde.

Praça Bocage, localizada na cidade de Setúbal em Portugal. Créditos: Arquivo do Município Participado de Setúbal

O brasileiro Alexei Leão, de 44 anos, morador da cidade de Setúbal, no litoral português, situada a cerca de 50 quilômetros de Lisboa, percebe que as medidas e o avanço da vacinação ainda mantêm a situação controlada.

Portugal aplica as vacinas Pfizer, Janssen, Astrazeneca e Moderna. A dose de reforço é para adultos maiores de 18 anos e as primeiras doses para crianças a partir dos 5 anos de idade. Especialistas apontam que, mesmo com o crescimento no número de infecções, a vacinação no país é responsável por índices menores de mortalidade em comparação com ondas anteriores.

O país registra, no momento, mais de 9,41 milhões de pessoas totalmente vacinadas, mais de 3,4 milhões de infecções e mais de 21 mil mortes desde o início da pandemia. O número de habitantes de Portugal pode ser comparado ao do estado de Pernambuco, com uma diferença de cerca de 670 mil pessoas a mais do país europeu. O estado nordestino apresenta a soma de 889.000 casos confirmados, que, ao se comparar ao mesmo dado de Portugal, pode-se identificar a subnotificação dos dados de infecção no Brasil, que promoveu medidas menos restritivas.

Alexei Leão se mudou do Brasil para Portugal em agosto de 2020 e relata que o sistema de saúde português promoveu ampla testagem e de forma gratuita.

A mudança para Portugal

Alexei Leão, músico e produtor musical, teve sua área de trabalho afetada durante a pandemia. Créditos: Arquivo Pessoal

O brasileiro se mudaria para Portugal em abril de 2020, mas a pandemia adiou seus planos. Durante os quatro meses que permaneceu no Brasil, Alexei sofreu os impactos que a pandemia trouxe, principalmente, na sua área de trabalho.

De março a agosto, Alexei conta que esteve em isolamento, saindo apenas para realizar compras no supermercado. Ao realizar a mudança, seguiu as mesmas medidas no país europeu, que se encontrava em lockdown.

Com as restrições, sua área de trabalho também foi afetada em Portugal. Mas segundo Alexei, o governo português ofereceu apoio para o setor cultural e à população, por exemplo, nas contas de energia e de água.

Outras frentes de apoio do governo português foram destinadas ao emprego e à economia pós-isolamento, como medidas fiscais, programas com foco em formação profissional e incentivos financeiros para contratação.

Apoio a refugiados da Ucrânia

Além dos apoios oferecidos à população portuguesa durante a pandemia, o país ibérico reúne esforços para auxiliar descendentes de Portugal que residem na Ucrânia e ucranianos que estejam se deslocando no leste europeu por razão do atual conflito com a Rússia. Para isso, o governo português oferece proteção temporária com validade de um ano para refugiar-se no país e poder acessar serviços de saúde e segurança social. A proteção também é destinada a jovens e crianças que possam chegar a Portugal sem um adulto responsável.

Os ucranianos acolhidos também terão acesso aos programas de incentivo à formação profissional e contratação já realizados durante a pandemia. Quanto aos impactos da invasão da Rússia à Ucrânia na economia, Portugal criou medidas voltadas para o setor agrícola e energético, com a finalidade de evitar desabastecimento, como o monitoramento de estoques, diversificação de fornecedores e apoio via linhas de crédito. Para o setor de transportes, impactado pela alta do preço dos combustíveis, são oferecidos incentivos fiscais e financeiros.

A ação internacional de Portugal no conflito se dá através de apoio humanitário com o envio de medicamentos, materiais médicos, de alojamento e componentes sanguíneos a serem utilizados na fronteira da Polônia com a Ucrânia. Além disso, como integrante da União Europeia, o país aprovou sanções à Rússia, como proibições e congelamento de recursos financeiros de indivíduos ligados ao governo e às Forças Armadas russas, limites econômicos, fechamento do espaço aéreo para companhias de voo da Rússia, suspensão de canais de televisão, além de proibição a importações de mercadorias e investimentos às regiões de Donetsk e Luhansk, que fazem parte do território ucraniano, mas estão sob comando da Rússia.

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Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da UFSC