Tecnologia 5G chega ao Brasil

Brasília é a primeira cidade do país a receber a inovação; em Florianópolis, a previsão é para 2023

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4 min readJul 15, 2022

Por Camila Costa da Cunha

A tecnologia 5G é a quinta geração de internet móvel, uma evolução da conexão 4G atualmente utilizada. A inteligência de que dispõe promete mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzir o tempo de resposta entre diferentes dispositivos e tornar as conexões mais estáveis, além da possibilidade de ligar muitos objetos à internet ao mesmo tempo, conceito chamado de Internet das Coisas (IoT): carro, celular e relógio. Isso já é possível no 4G, mas é esperada uma melhoria significativa.

Na última quarta-feira (6), Brasília deu a largada, sendo a primeira cidade do país a receber a inovação, através de um projeto-piloto, administrado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A rede já está disponível na capital brasileira em larga escala, em uma versão “pura” da tecnologia, que oferece mais velocidade nas conexões móveis, substituindo o 5G DSS, um sistema mais limitado que é uma espécie de transição entre a quarta e a quinta geração da ferramenta.

O que é 5G

Segundo Fernando Gomes de Oliveira, Coordenador do Grupo de Trabalho do 5G da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e Coordenador do Grupo de Acompanhamento do 5G de Santa Catarina, o termo 5G faz referência à quinta geração de comunicação móvel. “Tivemos o 1G, que foi sucedido pelo 2G, 3G, 4G e, agora, o 5G”, explica. Ele esclarece que as gerações de comunicação móvel têm períodos de 10 anos, sendo assim, o 1G teve início na década de 1980, o 2G na de 1990, o 3G nos anos 2000, o 4G em 2010 e agora chega o 5G. Ele acrescenta que hoje já se fala do 6G, que será a próxima geração. “Normalmente os avanços entre as gerações estão na capacidade de transmissão, eficiência energética, mecanismos de proteção de dados e protocolos de transmissão’’, explica.

A conexão do 5G depende da ativação de células de comunicação móvel, que são conectadas entre si por fibra óptica, responsáveis por garantir a alta taxa de dados e a baixa latência. Essas células operam nas frequências de 3.55Hz ou 26GHz, e fazem a comunicação com os dispositivos móveis, que podem ser sensores, veículos, equipamentos e até mesmo os telefones celulares.

O coordenador da Acate enfatiza que as mudanças trazidas pela inovação são muitas, exemplo disso são as faixas de frequências diferentes das gerações atuais, que precisarão de mais antenas para garantir a cobertura necessária para os usuários, mas, em contraponto, serão antenas menores que estarão presentes em diversos ambientes. “Será comum antenas instaladas em postes de iluminação pública, pontos de ônibus e outros mobiliários urbanos”, específica.

Em razão dessa necessidade, os municípios precisarão modernizar suas leis de antenas, prevendo infraestruturas de grande porte (as torres de celular que vemos hoje) e infraestruturas de pequeno porte, menores e mais presentes nos ambientes que frequentamos.

Benefícios do 5G

Os três pilares que sustentam o 5G são: eMBB (enhanced Mobile BroadBand), com altas taxas de dados, podendo superar 1Gbps; o mMTC (massive Machine Type Communication), que tem melhor eficiência energética e permite a conexão de milhões de dispositivos por km² (o 4G, anterior, já permite, por exemplo, conectar milhares de dispositivos por km²), habilitando aplicações IoT; e o URLLC (Ultra Reliable Low Latency Communication), que garante a disponibilidade de conexão e baixas taxas de latência, permitindo aplicações de missão crítica e em tempo real.

A expectativa em relação ao 5G é que a tecnologia atraia mais de R$590 bilhões até 2031, com a redução de custos, otimização de processos e melhoria de qualidade; também gerará demandas de mais de R$100 bilhões para o desenvolvimento de soluções e aplicações.

Ativação no Brasil

Com a inauguração da implementação da rede em larga escala a partir de Brasília, o cronograma de ativação definido no Edital do 5G e o posterior leilão ocorrido em novembro de 2021 sob gestão da Anatel, as capitais brasileiras terão o 5G em 2022, passando pela expansão da cobertura em 2023 e 2024. A partir de 2025, o 5G começará a chegar às demais cidades brasileiras, tendo início com as cidades com mais de 500 mil habitantes. Em 2026, será a vez das cidades com mais de 200 mil habitantes e também as cidades com menos de 30 mil habitantes, estas através das operadoras regionais que, pela primeira vez, puderam participar do leilão promovido pela Anatel.

O cronograma prevê ainda que todos os municípios catarinenses terão o 5G até 2029. Apesar de existir esse cronograma, é importante ressaltar que se tratam de obrigações, ou seja, são datas-limites, já que as operadoras deverão acelerar o processo e o 5G tem grandes chances de chegar antes. É bem possível que já em 2023 esteja presente nos municípios maiores e também em toda a região metropolitana de Florianópolis. A Unifique, operadora regional com sede em Timbó/SC, por exemplo, tem a obrigação de implantar o 5G em cidades menores e o deverá caminhar de acordo com a limpeza do espectro nesses municípios.

O sinal 5G será acessível a todos e funcionará em conjunto com o 4G. O coordenador do grupo de trabalho do 5G da Acate explica que dependerá da operadora a decisão pelo modelo de negócios a ser adotado.”Por isso ainda não sabemos se haverá cobranças diferenciadas para planos 4G ou 5G”, ressalta.

Troca de celular

Para ter acesso à internet 5G, será preciso ter um celular compatível com a nova tecnologia. A Anatel divulgou uma lista com 68 aparelhos já homologados e que suportam a inovação, disponível no seguinte link: https://informacoes.anatel.gov.br/paineis/certificacao-de-produtos/celularesem-5g.

Os modelos têm preços a partir de R $1.300, mas, espera-se, com o tempo, que os aparelhos mais simples também passem a contar com a tecnologia 5G, como aconteceu anteriormente com o 4G.

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Written by Zero

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da UFSC

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