Zero em Pandemia: destino Inglaterra

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4 min readMay 30, 2022

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Por Mileni Francisco

Passados mais de dois anos do início da pandemia da Covid-19 anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cada país adota medidas diferenciadas para se adaptar à nova realidade. A Inglaterra, país europeu com mais de 55 milhões de habitantes, passou por três períodos de lockdown desde 2020 e agora o uso de máscaras deixou de ser obrigatório.

Gabriela Ferreira, 26, brasileira formada em Relações Internacionais, passou pela transição da rigidez à flexibilização desde que chegou ao país. A jovem, nascida em Bauru, no interior de São Paulo, está cursando mestrado de Development Management (Gestão do Desenvolvimento) na London School of Economics.

Quando chegou na terra da Rainha Elizabeth II, em setembro de 2021, foi recepcionada com uma quarentena de 15 dias no hotel, paga pelo governo, mesmo com a 1º e 2º doses tomadas antes da viagem. O Brasil estava na chamada lista vermelha de países que precisavam passar pela quarentena obrigatória ao entrar no país europeu.

“Isso era muito mais político do que sanitário. O Brasil estava na lista mesmo com números melhores na vacinação se comparado com países como a Alemanha”, comenta a internacionalista. Na quarentena, as refeições eram deixadas na porta e a regra era de não conversar com ninguém do prédio, que continha guardas em todos os andares para vigiar. A máxima flexibilização era ir ao sol uma vez ao dia, “parecia uma prisão”, afirma.

Depois de duas semanas com aulas online, entrou, usando máscara, na London School of Economics pela primeira vez. Para participar das aulas, a mestranda apresenta o teste negativo à Universidade, que é feito a cada três dias. Com os testes regulares, as duas doses da vacina do Brasil e a dose de reforço logo no primeiro mês no país, Gabriela se sente segura para conviver com a Covid-19.

Mas, como não há mais restrições, para ela, a sensação é de que a pandemia não existe mais. A vida noturna, por exemplo, segue agitada pelas ruas. “As festas estão sempre lotadas e o uso de máscara acontece vez ou outra quando é algo mais formal, como em uma prova”.

Londres, assim como o Brasil, conta com um Sistema de Saúde gratuito. Até mesmo pessoas com o visto de estudante podem usar o National Health Service (NHS). A forma como o NHS se organiza é semelhante ao Brasil: clínicas e farmácias atendem pessoas no bairro onde estão localizadas. O diferencial é que o governo britânico oferece testes gratuitos para a população.

Com a gratuidade, foi possível detectar mais facilmente os casos em meio às ondas de contágio, como nos picos dos primeiros dois meses de 2022, que apontavam para uma média de 150 mil casos por dia.

Na Inglaterra, o uso de máscara hoje não é mais obrigatório e o direcionamento governamental é seguir o plano “Living with Covid” (Vivendo com Covid), que sugere alguns cuidados em meio a rotina normal. Já em países como Espanha e Itália, que Gabriela visitou no início de 2022, continuam exigindo o passaporte vacinal e o uso de máscaras nos estabelecimentos.

Covid-19 na Inglaterra

A Inglaterra enfrentou muitos picos ao longo da pandemia, totalizando mais de 155 mil mortes pela Covid-19. No começo de 2021, em meio ao lockdown, na capital houve dias com nenhuma morte registrada, enquanto em abril de 2020 havia cerca de 230 mortes por dia. Já no último trimestre do segundo ano de pandemia, o Reino Unido ocupou o segundo lugar do mundo com maior número de novas contaminações. Hoje, soma mais de 18 milhões de casos.

Três lockdowns marcaram a pandemia para a população britânica. O primeiro começou em março de 2020, após o anúncio da pandemia pela OMS. Em novembro, o segundo lockdown nacional buscava frear os números de internações hospitalares e, pouco tempo antes do Natal, as famílias tiveram que se reorganizar para as festas de fim de ano após novas restrições determinadas pelo país. Ao longo do primeiro trimestre de 2021, houve o terceiro momento de isolamento.

Desde fevereiro de 2022, a Inglaterra, que já tem mais de 75% da população totalmente vacinada, anunciou novas liberações em meio ao plano “Living with Covid” (Vivendo com a Covid).

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, anunciou que a partir de abril os testes gratuitos seriam apenas para pessoas mais vulneráveis. Outras orientações dessa medida são para que funcionários e estudantes façam testes duas vezes por semana e pessoas que testaram positivo não terão mais obrigação legal de se isolar.

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Written by Zero

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da UFSC

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