Na segunda reportagem da série #ZeroEmPandemia, conversamos com o brasileiro Orlando Aigner Paludo, que vive na Holanda desde 2019. Ele fala sobre como a pandemia afetou sua vida escolar e social, sobre as políticas de contenção adotadas pelo governo holandês e sobre o medo de uma segunda onda de contaminação.
Por Fernanda Kleinebing e Kaiky Goede
Orlando saiu do Brasil em setembro de 2019 cursar administração de negócios internacionais na Tilburg University, na cidade holandesa de Tilburg. Ele conta que, sua universidade — assim como as do resto do país –, está fazendo um ensino misto, alternando aulas presenciais e remotas desde o começo do segundo semestre, em agosto. “A universidade estava tentando ao máximo oferecer mais aulas no campus, mas, com as medidas de distanciamento, acabou não tendo muitas aulas presenciais”, afirma Orlando. O estudante complementa que as universidades e escolas do país tiveram facilidade em se adaptar ao ensino online. “Elas trabalham com o aplicativo Zoom e outros métodos de ter aula online, por live, por exemplo. Além disso, todas as aulas são gravadas e disponibilizadas para os alunos mais tarde”, explica.
A pandemia do novo coronavírus chegou à Holanda em fevereiro, assim como aconteceu com outros países da Europa. Orlando comenta que lá, as medidas de proteção contra o vírus são anunciadas pelo primeiro ministro às terças-feiras às sete da noite, pela televisão. Diferentemente da Alemanha, como o mostramos no último #ZeroNaPandemia, as medidas tomadas pelo governo holandês são centralizadas e valem para todo o país. O país não adotou nenhuma medida de confinamento (lockdown), as pessoas podiam ir ao parque, por exemplo. O comércio, por outro lado, acabou fechando. “Por decisão do próprio comércio, não por decreto do governo, porque o governo estava permitindo que as lojas ficassem abertas”. Saiba mais sobre as medidas no áudio:
Atualmente, a Holanda tem mais de 220 mil casos confirmados e 6.736 óbitos por covid-19. Recentemente, o governo anunciou novas medidas restritivas, pois o país está temendo uma segunda onda de contaminação pelo vírus, por conta do recorrente aumento do número de casos nas últimas semanas. Orlando acredita que esse aumento tem relação com o comportamento da população, que começou a sair mais, não respeitando as medidas de distanciamento impostas. As novas medidas envolvem o funcionamento de hotéis e restaurantes, os quais terão que impedir o acesso de clientes após a meia noite e o número máximo de pessoas permitidos passará para a metade da capacidade total.
A pandemia também afetou a vida social de Orlando. Além do fechamento de clubes, bares e restaurantes, muitos amigos que, assim como ele, são de outros países, decidiram voltar para sua terra natal.
Diferentemente dos amigos, porém, Orlando decidiu ficar. A decisão, em parte, se deu porque ele estava preocupado em voltar e não conseguir terminar o ano letivo, caso as fronteiras entre os continentes fechassem. Ele concorda com as medidas adotadas pelo governo holandês e, por isso, se sente mais seguro lá. “Mesmo estando distante dos meus pais eu me sinto mais seguro, a saúde aqui é igual para todo mundo. Eu acho que eu estou muito mais seguro aqui do que no Brasil”. Ele complementa que seu sentimento de insegurança também se deve ao que classifica como falta de seriedade do governo brasileiro em aplicar e fiscalizar medidas de contenção, para deter o vírus.
Recentemente, por causa do crescimento no número de casos na Holanda, Orlando está mais assustado. “Estou ansioso, acho que os casos vão continuar crescendo aqui, espero que diminuam, mas acho que vai demorar alguns meses para baixar. Acredito que a Universidade vai continuar online”, finaliza ele.