#ZeroEmPandemia: Reino Unido

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4 min readNov 9, 2020

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Na última quinta-feira, dia 5 de novembro, começou o segundo lockdown no Reino Unido. Quem relatou como está a quarentena por lá foi Ivana Ebel, que mora na Inglaterra há quatro anos. Entrevistada desta semana no #ZeroEmPandemia, a brasileira é doutora e professora de Jornalismo da Universidade de Derby. Elas explicou as ações do governo britânico e contou um pouco de como sua vida foi afetada pela pandemia.

Por Kaíky Goede

Ivana Ebel mora na cidade de Derby desde 2016, quando foi ao Reino Unido para para ser professora na Universidade de Derby. Desde o início da pandemia da Covid-19, assim como todo o mundo, a professora tem vivido na prática todos os efeitos da necessidade de isolamento social. “Tudo que estava planejado foi interrompido. Desde o início da pandemia, eu e meu marido nos recolhemos bastante. A gente levou, e tem levado, muito a sério esse evento. Apresentei sintomas dia 13 de março, antes do primeiro lockdown, e entrei em self isolation. Desde então, sigo em casa. Saio muito pouco, apenas para o necessário mesmo. Tivemos que reaprender a viver nesta pandemia”, destacou Ivana.

Antes do Reino Unido, Ivana morou oito anos na Alemanha. Foto: Arquivo pessoal

Clique no player abaixo para ouvir a entrevista completa com a professora Doutora Ivana Ebel:

Mesmo com 49.238 mortos até esta segunda-feira, 09 de novembro, Ivana disse que o desrespeito às normas de prevenção imperava nas ruas após o fechamento do pubs. Ela chegou até a comparar com as famosas cenas dos bares do Rio de Janeiro. “O que se vê é muita rebeldia e desobediência às regras. As mesmas cenas vistas nos barzinhos do Leblon há um tempo atrás, e que circularam o mundo, não são muito diferentes do que acontece aqui quando os pubs fecham. Agora está tudo fechado, mas quando as coisas estavam um pouco melhores, víamos cenas deprimentes nas ruas, no sentido que revelavam muito sobre o egoísmos dessas pessoas que estavam preocupadas apenas com seu lazer e não pensando nas consequências dos seus atos”, pontuou a doutora em Jornalismo.

Enquanto no Brasil testes do Sistema Único de Saúde (SUS) demoram, em média, três dias para o resultado, o National Health Service (NHS), do Reino Unido, disponibiliza o resultado em algumas horas. Ivana Ebel contou como foi sua experiência com o sistema inglês de saúde pública, mas fez questão de ressaltar que mora em uma cidade relativamente pequena e não é assim em todos os lugares. “Na semana passada eu tive sintomas de Covid e precisei fazer um teste. Lembro que eram 13h47 quando entrei no site para procurar um horário para fazer o teste. Encontrei horário a partir das 14 h. Fiz o teste às 15h, em um centro de testes a 400 metros aqui de casa. No outro dia, às 6 h, o resultado já estava no meu email. Por sorte, deu negativo. No entanto, nem sempre foi assim e não é assim em todos os lugares. Derby, onde eu moro, é uma cidade relativamente pequena, de 250 mil habitantes. Eu tive essa facilidade, mas em centros mais populosos, o acesso a testes não tem sido tão fácil quanto o que eu encontrei aqui. Esse atendimento não é tão eficaz por todo o país”, explicou Ivana.

Sobre a testagem em massa, ela lembrou que nem sempre o cenário foi o ideal. “O acesso ao teste é muito recente. Eu tive alunos com sintomas, um mês atrás, que não conseguiram espaço para fazer testes. E no início da pandemia, eu achei que poderia estar com Covid e, na época, não pude ser testada. Inicialmente, eles só testavam as pessoas que precisavam de atendimento hospitalar. Essa coisa do acesso mais amplo aos testes é bastante recente, eu diria que é coisa das últimas duas semanas”.

Mesmo barco? Ivana foi enfática ao afirmar que a expressão “estamos todos no mesmo barco”, popularizada durante a quarentena, é errada. Além de esconder muitas desigualdades. Ela diz que não podemos comparar “pessoas em iates, àqueles que estão nadando sem colete salva-vidas”.

Dentro do contexto de diferentes realidades socioeconômicas, a professora também falou sobre o que foi feito no campus da universidade de Derby para que algumas aulas pudessem acontecer de forma presencial. “Todos os professores receberam cursos de capacitação para oferecer o ensino blended, que são parcialmente presenciais e parcialmente digitais. Estou indo ao campus, mas sem a mesma frequência de antes. Dentro do campus há sistemas de mão única, por onde só se vai ou vem por determinados caminhos, além disso, todas as salas foram adaptadas para o distanciamento social. Intervalos são mais constantes para ventilação e higienização dos espaços e, a cada cinco metros, há produtos de sanitização na universidade. Cada mesa que os alunos sentam têm um código, que eles registram no sistema para informar onde eles estavam sentados. Então, além de saber se algum aluno testou positivo, a faculdade sabe quais colegas estavam ao lado dele. Eu me senti tão segura quanto possível. Não é o ideal, mas poder usar o espaço da universidade dessa forma relativamente segura é interessante”, finalizou.

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Written by Zero

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da UFSC

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